Baía de Ilha Grande – OMS não indica testes de vírus

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em sua página oficial na internet os padrões de testes que recomenda às autoridades brasileiras, ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 para análise da qualidade das águas do Rio de Janeiro. As diretrizes indicam a necessidade de um acompanhamento periódico da quantidade de bactérias na água, principalmente para o controle dos índices de coliformes fecais. A entidade, no entanto, não recomenda a realização rotineira de testes de vírus por conta da falta de métodos padronizados, o que dificultaria a interpretação dos dados. Este tipo de análise só é recomendada para circunstâncias específicas, como investigação de algum surto de doença com suspeita de causa viral ou pesquisa.

As diretrizes foram definidas após consultas feitas à OMS em relação aos riscos de doenças para atletas durante os Jogos. Em julho, a agência de notícias Associated Press (AP) havia publicado uma reportagem afirmando que as águas do Rio estariam com índices elevados de bactérias e vírus, o que seria um grande risco. Em entrevista à mesma agência, o coordenador de água, saneamento, higiene e saúde da OMS, Bruce Gordon, chegou a defender a realização de testes de vírus na região. O que não foi confirmado nos padrões oficiais recomendados.

Baía de Guanabara poluição (Foto:  REUTERS/Ricardo Moraes)Baía de Guanabara é um dos locais que mais preocupam pela qualidade da água (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

De acordo com a OMS, deve ser estabelecido um programa regular e contínuo de testes microbianos nas águas para identificar os riscos aos banhistas. A identificação de bactérias fecais seria o principal indicador para riscos de doenças.

“Dados epidemiológicos mostram que o teste bacteriano, especialmente para enterococos, é o indicador com mais forte evidência para ser um preditor de doenças gastrointestinais em águas marinhas para banho impactadas pela contaminação fecal humana, incluindo doenças de vírus”, diz trecho do comunicado publicado pela entidade.

Evento-teste vela Rio (Foto: André Durão)Evento-teste vela no Rio: preocupação com a qualidade da água (Foto: André Durão)

A OMS defende ainda que os esforços sejam direcionados para a prevenção da contaminação a partir das inspeções sanitárias, além de impedir a exposição de atletas e de banhistas normais aos locais com água de baixa qualidade. A entidade diz ainda que devem ser mantidos os esforços a longo prazo para lidar com as fontes de poluição. 

A qualidade das águas do Rio de Janeiro é um dos principais problemas da organização dos Jogos, que vem sendo questionada constantemente por atletas e federações internacionais sobre os riscos à saúde dos competidores durante as Olimpíadas. 

Assim como no evento-teste da vela, em agosto, o Comitê Rio 2016 afirma que discutir com o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) se durante os Jogos é válido realizar testes diários, como a Federação Internacional de Vela (Isaf) havia solicitado na ocasião. As averiguações poderão ser feitas a cada três dias.